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Prenúncios da Outra Margem


O Buda ensinava que o dharma era como um barco que o buscador usava para chegar à “outra margem” da vida. A ilusão é como o rio –ou o “oceano do samsara”- que deve ser atravessado, e que o buscador da Verdade lucidamente identifica como ilusão lançando-se à aventura do desconhecido, tendo o “barco” do dharma como suporte e o Buda (ou seus arhats) como “piloto” experiente ou, senão apenas como instrutor da jornada pessoal.

Esta exposição do Buda sobre o dharma, por si só já chama a nossa atenção. Ao contrário de tantas “escolas” que apresentam as suas doutrinas como dogmas inarredáveis, o Buda queria que cada um chegasse à Verdade maior no nirvana, na qual já não há necessidade de dharmas, regras, leis...

Tal coisa soaria simpática aos anarquistas. Porém, também podemos estimar que, à luz desta realização, na qual samsara e nirvana inclusive se fundem se assim se quiser, outras leis se revelam, dentro de uma nova ordem de coisas.
Ora, sabidamente existem “opções” para o destino humano, especialmente daqueles que estão em evolução. Nisto, talvez os dois “destinos póstumos” mais em voga na Tradição Universal sejam a “busca do céu” e a “reencarnação”.

Ao contrário do que se pensa às vezes, sobretudo no Ocidente, as duas coisas não são incompatíveis. No Oriente se exercita muito bem todas as possibilidades das vidas futuras, não obstante haver também muita superstição.

Ao contrário do que prevê o pastiche espiritista, a Tradição Oriental estima que existem apenas duas razões para a reencarnação: a evolução espiritual e o serviço espiritual. Para o homem materialista ou “desalmado”, não há chances para a sobrevida da consciência. Não existe muita formalidade na vida essencial, porém, por princípio, se uma pessoa é ética, respeita o próximo e exerce a essência dos Mandamentos, então ela tem chances de “sobreviver”, porém mais provavelmente com ajuda da intervenção divina.

Este é um elemento que as tradições xamanistas não detém, e no qual o esoterismo como tal é filosoficamente débil, porém isto talvez até se justifique como caminho de evolução. Explicamos. Quando os mestres de C. Castañeda insistem na necessidade do poder interior para a sobrevida da consciência, em nenhum momento trazem à tona os valores das “religiões universais” que contemplam as pessoas comuns de um lado, e altas hierarquias redentoras de outro. Os iniciados estão, muitas vezes, mais ocupados em suas próprias buscas, e não raro nem existe abertura nas religiões populares para uma tentativa de fusão esotérica, tão dominadas elas estão pelo seu fundamentalismo.

Podemos tranquilamente afirmar, que a idéia da reencarnação nasceu dentro das Escolas Iniciáticas, visando sedimentar os elos evolutivos das linhagens de iniciados e sua perpetuação na Terra. Com o tempo, esta premissa se expandiu, graças à organização da religião, vindo a abarcar etnias e sub-raças inteiras.

Desde o ponto de vista histórico, o dharma de Gautama também tinha o seu “prazo de validade”. De forma rigorosa, este prazo era de 2600 anos, que é o ciclo de advento dos Budas e dos avatares desta categoria. Assim, o rio do samsara a ser atravessado também detinha esta extensão no tempo, culminando pois em nossos dias.

E aquilo que haveria ao cabo deste rio, é a outra margem do tempo, um tempo superior como o Kairós grego, ou mesmo o próprio Oceano do Nirvana... Ora, nesta etapa se revela um outro dharma, trazido pelo Buda Futuro, Maitreya, que já é um Buda ativo e positivo, e não passivo ou contemplativo como o seu predecessor. É um dharma superior que atende aos mistérios do nirvana ou, melhor ainda, à síntese nirvana-samsara, já que aqueles que almejam (e se capacitam) ao nirvana, estarão supostamente liberados da encarnação. Permanecem todos aqueles que necessitam ainda evoluir, ou que desejam servir à humanidade, ou mesmo ambas as coisas.

O dharma “positivo” de Maitreya, é o contraponto perfeito do dharma “negativo” de Gautama. À meta do Vazio (Sunya) deste, segue a meta da Plenitude (Sarva) daquele. Esta plenitude permite um equilíbrio e a harmonia, que se reflete cada vez menos pela negação. Por isto é que a Idade de Ouro preenche as instituições com nova vida e sentido maior, possibilitando um resgate da Civilização –naturalmente porque o contraponto disto tudo estará também sendo respeitado, em vida interior abundante.

Pois assim é que evolui a humanidade, dentro de uma dialética desta natureza, alternando um ciclo hierárquico de unidade, com outro anárquico de dualidades. O dharma positivo está relacionado aos Mistérios Maiores e ao Sendeiro de Retorno, quer dizer: à iluminação.
Eis que este tipo de dharma começa ali onde o outro termina: na iluminação! Assim, o estudo e a investigação dos Mistérios da Outra Margem, é que representam o grande tema do dharma “ativo”.

Estamos falando, pois, dos mistérios do nirvana e, é claro, daquilo que caracteriza o nirvana em escala cósmica, que é o pralaya. Nota-se quão grande é o silêncio ainda existente em torno de todos estes temas, especialmente no tocante à esfera maior -assim como no tocante a uma visão plena e realista do tema "iluminação". E é apenas natural que uma coisa conduza à outra, ou seja: o treinamento nirvânico da humanidade, conduzirá a seu tempo toda a Terra à “outra margem” do Rio do tempo cósmico.

Pontualmente falando, a Nova Era representa o “espaço” que temos para cumprir ainda esta tarefa. Corresponde à metade ativa da Nova Raça, os seus primeiros 2600 anos de evolução. A chegada do “Solstício cósmico” na Era de Capricórnio, demarcará então o final deste ciclo mundial ou manvantara, para dar lugar ao “misterioso” pralaya e à Ronda Futura, anunciando a ascensão da Terra.


Da obra "Dharma - a Canção da Vida", LAWS, Ed. Agrtha.

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